Flores no concreto
Mangueira,
teu cenário é uma tristeza
que a pobreza escarrou.
Mangueira,
és o retrato da agonia,
és a espera que enfastia,
és o espelho que me restou.
Benfica, onze e trinta,
cada passo é um tormento.
As rosas não falam, pois não florescem
no Saara de cimento.
Mangueira,
és a eterna despedida
do que já fomos um dia,
és o jovem que se entregou.
Benfica, sete e trinta,
grito em silêncio no deserto.
Tão cansado, ainda busco
por flores no concreto.
Mangueira,
teu cenário é a certeza
de um sonho que se calou.